Musica Boa... essa sumida

Músicas só tem duas classificações: boas e ruins. Eu fico com as boas. As ruins eu ouço também. Só uma vez.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Jet

Depois do show de Paul McCarney no Brasil, seria interessante falar de alguma música dele.
Essa tem uma mixagem com muita guitarra distorcida. Parecem estar em primeiro plano e os sons meio que se fundem no todo, quase escondendo as sutilezas dos demais instrumentos. Mas, vamos lá...

Certamente, são duas guitarras: uma fazendo a "cama" com muita distorção e power chords à exaustão; a outra com os"desenhos" rockeiros da época. Clássico.

Mas... por trás dessa massa sonora tem um monte de coisas acontecendo: sopros, moog, piano, wurlitzers, vocais vocais e mais vocais (feminino inclusive. A Linda fazia aquela vozinha aguda, que aparecia bem na mixagem).

Outra curiosidade é a parte da música que tem uma levada meio reagge. Nesta época, a banda The Police nem existia - hahaha :)
Se a gente puxar um pouco pela memória, outra canção da mesma época, do mesmo Paul, trazia uma levada semelhante: Live and Let Die. Mas essa eu vou deixar para comentar outro dia...

Enfim, uma bela canção que traz, como sempre, o preciosismo McCartney X Wings.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Meu Mundo Caiu

Esta música eu conheci ainda pequeno e já a reconhecia como uma "letra triste para uma melodia triste". Com a transmissão da mini-série Maysa na Rede Globo (2009), pode ser que as pessoas voltem a prestar atenção e ela volte à mídia.

Morta tragicamente em um acidente de carro, na ponte Rio-Niterói, Maysa era dona de uma voz marcante e afinada. Ela tinha o dom e encantar e seduzir os ouvintes.

Letra e melodia transmitiam uma tristeza profunda, a dor de não ser compreendido. O arranjo, clássico, é muito bem executado. E consegue dar ao ouvinte, além do balanço do bolero, a impressão de que os sentimentos deslizam na melodia.

A parte que eu mais gosto é do solo. Muito bem executado, era um excelente músico (infelizmente, nos discos daquela época, não era comum dar crédito aos músicos...) Diga-se de passagem, naquela época, não existia músico ruim gravando. Ou era bom, ou não era músico, não existia meio-termo. Hoje se grava um CD em casa. Basta ter um PC... Voltando -Enfim, um grande solista que traduziu exatamente o que a música pedia: tristeza, com uma ponta de esperança ao final. Aquelas notas ligadas (que eu, como guitarrista, chamo de "bend") é que, na minha opinião, levam o ouvinte a acompanhar a tristeza da letra.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

That Thing You Do

That Thing You Do! Acho que o Tom Hanks, quando escreveu o roteiro e dirigiu o filme, tinha um objetivo: dar um destaque para o baterista. No set, podemos vê-lo segurando baquetas. Sinal de que ele é baterista ou, gosta de bateria. Outra coisa que ele quis fazer: eclipsar o baixista. O personagem de Ethan Embry nem tem nome. É chamado simplesmente de "The Bass Player".



Tom Hanks ainda aparece no show em homenagem a George Harrison, um ano após a sua morte. Sinal de que ele gostava dos Beatles. Pelo menos, de alguns deles...



Bem, de qualquer forma, é uma excelente música. Parafraseando o personagem de Hanks no filme, Mr White, a música dos "One-ders" era "snappy", gostosa de ouvir, dançante, vibrante.



Um trabalho vocal em três vozes, muito bem trabalhado. O arranjo instrumental, com truques interessantes, que remetem o ouvinte à década de 60, mesmo sem a influência do filme. Aquele lance de usar um acorde menor antes do maior em sétima na preparação é típico da época e foi muito bem explorado.

Parabéns ao compositor A. Schlesinger e aos produtores, que souberam captar a magia da década mais criativa da produção artistica moderna e nos transportar até ela.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Nowhere Man

Não é porque é dos Beatles, mas esta também é magistral.

1965. John Lennon estava deprimido. Já há algum tempo vinha escrevendo mais sobre si, sobre o que estava sentindo. A letra fala um pouco disso, "making all his nowhere plans for nobody".

O arranjo vocal, em três vozes, sempre com efeito mortal, foi praticamente desenhado a partir da voz solo (John). Na época da gravação do Rubber Soul, eles já dominavam as técnicas de gravação. É claro que os equipamentos utilizados não eram tão bons como os dos estúdios americanos, então eles tinham que se esforçar mais (Fonte: The Beatles - Bob Spitz).

A parte do Paul era o vocal agudo. Para o George, um cara criativo e em constante busca do novo, sobrava o vocal grave. Seria bem mais fácil se ele escolhesse fazer um vocalzinho despretencioso, tipo uma terça abaixo da voz solo, mas, não! Isso não! Não para ele. Não para os Beatles.

Graças à busca pelo diferente, Nowhere Man foi elevada à categoria de desafio pelas bandas concorrentes, Algo a ser copiado ou reinventado. Falando em cópia, para os covers da época (Aqui no Brasil, o mais famoso era "Renato e Seus Blue Caps"), era bem difícil reproduzir estes sons novos. A partir de "Revolver" e "Rubber Soul", as músicas estavam diferentes, mais difíceis de reproduzir. Quanto mais, criar versões em português... (ou, Aversões, como queiram...).

Naquela época, os Beatles eram conhecidos por usarem as Gretsch (George) e Rickenbacker (John). Nesta gravação, o George usou uma Fender Sonic Blue, que eles ganharam do fabricante. A mesma que, em 1967, ele usou no filme "Magical Mystery Tour", com pintura psicodélica. Aumentou o volume do Vox Ac 30 ao máximo, e criou aquele som novo (créditos: Beto Iannicelli e Marcus Ricardo Rampazzo)!

Outra coisa a ressaltar era a linha de baixo! O que era aquilo?! Totalmente diferente de tudo o que se ouvia até então. Era um complemento, um outro solo correndo pela melodia.

Enfim: uma bela melodia, com todos os complementos citados, com o arranjo que a imortalizou.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Jailhouse Rock

Outra música bacana é Jailhouse Rock. Lançada na década de 50 pelo rebolante Elvis "The Pelvis" Presley, é um exemplo de simplicidade e eficiência. A base é mortal - batera e baixo dando a cama rítmica, juntamente com o violão (naquela época o Elvis até tocava...), com a guitarra solo e o piano fazendo os desenhos sonoros.
No piano, inclusive, estão incorporados diversos "momentos country & western" na execução.

1 detalhe: Naquela época, os músicos TINHAM que ser muito bons. As sessões de gravação tinham que ser feitas com todos os músicos necessários para a gravação, já que o conceito de gravação POR CANAL (multipista), ainda não tinha sido popularizado. Les Paul (aquele que deu o nome para uma das mais famosas guitarras da Gibson) já tinha isso na cabeça, mas, ainda não haviam desenvolvido a gravação com sistema de multipistas...

Voltando: a grande sacada desta música é o guitarrista solo seguir a linha de baixo. Isso foi imitado por vários arranjadores, por anos a fio... imagine só o cara criando isso lá no estúdio, durante as gravações.

A música é um chamamento à dança. Difícil ficar parado com um som desses tocando. Esta era a essência desta música: o riff de meio-tom abaixo, progredindo com o som da caixa tocada nos contra-tempos, ambiente mortal para as menininhas da época fecharem os olhos e aguçarem os sentidos... muitos escreviam que as "adolescentes chegavam a molhar as calças", numa alusão ao descontrole da bexiga, quando queriam dizer, na verdade, que elas gozavam só de ouvir o início da música.

Na América pós-guerra, as pessoas queriam duas coisas: consumir e extravasar. Elvis uniu as duas coisas. Ele foi, provavelmente, uma das melhores sínteses do marketing perfeito: conseguiu ser conhecido mundialmente, sem NUNCA ter posto os pés fora dos EUA. Foi vendido como mercadoria cara e rara, sem produzir nada de concreto, a não ser discos, músicas e (irc) filmes. E, no final das contas, devemos isso aos grandes músicos que o acompanharam no início da carreira: Bill Black e Scotty Moore. Sem eles - sem o Sam Phillips (o dono da lendária SUN RECORDS), Elvis estaria fadado à mediocridade...

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

In My Life

Uma das músicas mais bonitas que eu conheço é IN MY LIFE, de John Lennon. Dos Beatles. A letra é uma história bem contada da vida do autor e, a melodia parece ter sido cuidadosamente lapidada para causar o seguinte impacto: eu quero te levar para o meu passado, ver o que eu vi e quero que você sinta a mesma saudade que eu sinto destas coisas que eu vivi...

O pequeno solo de piano, magistralmente executado e gravado (com uns truques adicionais na gravação, é claro) pelo George Martin é, de fato, o que nos leva a este clima de passado. Uma melodia e canto e contra-canto, nos remete a Bach, reforçando esta volta. O som do piano (sim, meninos! Piano, sim), acelerado do Sol para o La no estúdio, faz com que os registros graves sejam perdidos e sobrem apenas os médios, fazendo com que o timbre fique semelhante a um cravo. Um momento mágico!

Somamos a isso tudo o imbatível vocal de três vozes dos Beatles e, temos uma grande música. Inesquecível, do meu ponto de vista.
Imperdível, para todo mundo que ainda não a ouviu.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Construções Musicais

Antigamente, músicas eram músicas. Sem letras.

Não havia necessidade delas. A mensagem estava na melodia.

Depois, vieram as letras, popularizadas pelos trovadores.

Letra e melodia... casadas perfeitamente... ou, pelo menos, da melhor forma possível.

Até que, aos poucos, quase sem percebermos, perdeu-se a referência do que seja "música boa".

Em minha modesta opinião pessoal, harmonia e melodia continuam sendo fundamentais. Como só temos 7 notas e 5 acidentes, criar novas melodias sem incorrer em plágio é praticamente impossível, a não ser que recorramos a notas intermediárias entre as existentes (como fazem os indianos com o sitar, por exemplo). Mas fica muito exótico e, cá entre nós, não ajuda lá muito a vender...

Como as melodias dos anos 60 e 70 eram REALMENTE boas, os artistas de hoje gravam um remake, fazem um álbum tributo e, pau na máquina!! O negócio é vender!!! Surgiram coisas boas depois, mas, geralmente baseadas nas estruturas já batidas - mas boas - deste período.